A imprensa e a bolha ambiental

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Entre as revistas semanais de informação, apenas Veja enxergou importância na notícia divulgada em no último 29, pelos diários, sobre o questão da extrema exploração da natureza pela sociedade contemporânea. Os dados foram compilados e divulgados pela ONG WWF – World Wildlife Fund – e dão conta de que, para satisfazer os atuais níveis de consumo da humanidade, seria necessário um patrimônio biológico 30% maior do que a Terra pode oferecer. Nesse ritmo, em 2030 é possível que a demanda alcance o dobro do que o planeta é capaz de produzir, e que os recursos naturais entrem em colapso.

Os especialistas chamam de biocapacidade o potencial de produtos e substâncias que os ecossistemas oferecem ao ser humano, incluindo os chamados ativos ecológicos presentes no oceano e nos rios. Os estudos são feitos há sete anos e correlacionam o aumento do consumo e a perda do patrimônio natural pela devastação de florestas, pela superexploração de terras agriculturáveis, a poluição do ar, da terra e dos cursos d´água.

Veja dedica ao tema quatro páginas bem ilustradas, material interessante para trabalhos escolares no ensino médio. Mas, como fizeram os jornais na semana passada, isola o assunto no nicho do noticiário ambiental, aquilo que antigamente se convencionava chamar de questão ecológica. E passa ao largo de aspectos cruciais para que o leitor entenda o tamanho da encrenca: não se trata apenas do volume do consumo, mas também – e principalmente – da qualidade do consumo e do sistema econômico que o provê e justifica.

Num país como o Brasil, que se destaca entre as nações que se candidatam ao desenvolvimento, esse deveria ser o tema central em todos os debates: que país queremos ser? Queremos nos tornar uma nova versão dos Estados Unidos, onde as famílias de classe média consomem quase cinco vezes o que a natureza pode produzir?

A imprensa não pode fingir um distanciamento que não se confirma na realidade. Até onde se pode observar, jornais e revistas, emissoras de rádio e TV e provedores de conteúdo jornalístico na internet ainda são feitos por humanos que habitam este planeta.

Em 1854, o chefe Seattle, líder da tribo Duwamiski, recebeu um emissário do presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce, que pretendia comprar as terras do seu povo. A carta que Seattle ditou em resposta ainda é uma demonstração de sabedoria que a humanidade insiste em ignorar. Diz um trecho da mensagem:

"O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida, ele é simplesmente um de seus fios. Tudo que fizer ao tecido fará a si mesmo".
Fonte: Observatório da Imprensa

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1 comments:

Guto Dias disse...

Bom, para dar um melhor entendimento do assunto recomendo esses vídeos:
http://hippiesbeatniks.blogspot.com/2008/10/histria-sobre-as-coisas.html